quarta-feira, 17 de setembro de 2014

"É preciso encarar o fazer artístico como arte, mas também como um produto atraente que precisa ser divulgado e vendido", conversa com Carlos Fialho.

Editora Jovens Escribas
Carlos Fialho (Diretor Executivo da editora
Jovens Escribas, publicitário e escritor)

Carlos Fialho é dessas pessoas que quando você escuta falar sobre, pensa: Viiiiji, esse ômi se garante demais, boe". E é isso mesmo, ele se garante e garante um monte de outras coisas super importantes para a nossa cena cultural, como todos os livros publicados pela editora Jovens Escribas, todos publicados pelo selo Bons Costumes, o evento anual Ação Leitura e tantas outras coisas que ele coloca o dedo, se envolve e dá caldo, ou melhor, caldo não, dá é um consumé, porque pense numa caba meio alternativo/meio chique arrojado. Rsrsrs...
É dessas pessoas que sabe transitar em tantos espaços e agregar parceiros, artistas, leitores, entusiastas de todas as idades e estilos. E é por essas e outras qualidades que acho super importante saber o que ele tem para dizer e contribuir compartilhando de seus conhecimentos adquiridos ao longo de 10 anos de estrada no campo fértil da literatura e da produção cultural.  
Como de costume entrei em contato com Fialho pelo face e perguntei se ele topava me responder umas perguntinhas básicas sobre sua atuação profissional e tals, ele muito gentil aceitou. Segue abaixo a "conversa":

1- Quando e como surgiu a editora Jovens Escribas?

Fialho: O marco inicial da editora, a primeira ação prática foi o lançamento do livro “Verão Veraneio” (de minha autoria), em 05 de fevereiro de 2004. A ideia surgiu da vontade de juntar um grupo de autores da minha geração para podermos publicar uma coleção de livros juntos e, através desta iniciativa coletiva, chamar a atenção dos livros uns dos outros, promovendo a multiplicação dos leitores. Inscrevemos um projeto na Lei Municipal de Incentivo à Cultura Djalma Maranhão e publicamos 4 livros.

2- Quais foram as primeiras publicações da editora e como aconteceu?

Fialho: O primeiro, “Verão Veraneio” (crônicas), foi publicado com dinheiro do autor. Os 4 seguintes: “Lítio” (Romance/Patrício Jr.), “Contos Bregas” (Contos/Thiago de Góes), “É Tudo Mentira!” (Crônicas/Carlos Fialho) e “Escolha o Título.” (Poesia/Daniel Minchoni) foram aprovados na Lei Djalma Maranhão e patrocinados pela agência de publicidade Art&C. 

3- Você escolhe os escritores os convidam para publicarem seus livros através da Jovens Escribas ou eles costumam chegar até você com a proposta e com grana para financiar o projeto?

Fialho: Há as duas modalidades. Eu escolho autores que julgo importantes ou bons de venda, capazes de dar retorno financeiro ou institucional à editora e publico estes com nosso dinheiro. Porém, como somos uma empresa pequena, os recursos destinados a esse tipo de publicação são limitados. Logo, publicamos apenas de 8 a 10 livros por ano com nosso próprio investimento, todos os demais são fruto do financiamento dos próprios autores, graças ao selo “Bons Costumes” criado para livros customizados, ou seja: por encomenda. 

4- Como são financiados os livros lançados pela editora? Você faz uso de leis de incentivo ou prêmios?

Fialho: Em duas oportunidades, fiz uso da Lei Djalma Maranhão de Incentivo à Cultura. Com a ajuda dela, publicamos 10 livros. Porém, outros quase 50 foram publicados com dinheiro da editora ou de autores, pagos com a venda dos mesmos a um público leitor que formamos e cativamos nestes 10 anos de trabalho e lançamentos. Também nos utilizamos de algumas ideias legais diferentes, por exemplo: teve um livro de Pablo Capistrano que pagamos a gráfica com dinheiro da venda de camisetas. 

5- Como você analisa o mercado de livros nesse contexto digital onde o produto virtual está cada vez mais popularizado e disponibilizado de forma gratuita?

Fialho: Estamos entrando no mercado digital. Acabamos de publicar nosso primeiro e-book, o “MovimentAÇÃO” de Fred Alecrim. Em breve, teremos todo o nosso acervo disponível para Kindle e similares. 

6- É possível sobreviver como editor de livros na cidade de Natal/RN?

Fialho: É difícil, mas com muito trabalho, criatividade e técnicas de sobrevivência que fui desenvolvendo com a experiência, tornou-se possível desde fevereiro deste ano, exatos 10 anos depois do surgimento da Jovens Escribas. O segredo está em diversificar as fontes de receita. Nós vendemos livros que publicamos, mas não só isso: publicamos livros sob encomenda pelo selo “Bons Costumes” e organizamos eventos literários a serviço de instituições que nos convidam. Na parte de vendas, além das 4 livrarias de Natal, estamos atingindo cada vez mais pontos de venda em outros Estados e negociando nossa entrada em redes de livrarias nacionais, temos uma loja virtual com frete grátis para todo o Brasil (www.jovensescribas.com.br), participamos com estande de vendas de todas as feiras literárias importantes do Estado, promovemos junto com parceiros eventos de vendas de livros como bazares independentes e fazemos de nossos lançamentos eventos com direito a vendas promocionais de nossos livros. 

7- Você costuma viajar pelo Brasil lançado obras literárias, participando de debates e eventos no segmento, de acordo com sua vivência nesse universo como você analisa o público/consumidor de literatura aqui no RN?

Fialho: Temos uma defasagem educacional muito grande, mas temos trabalhado para formar um público leitor, através da publicação de bons livros e da divulgação de nossos autores por meio de participação em feiras, festivais e do nosso evento: AÇÃO LEITURA, que leva nossos escritores para um contato direto com estudantes.

8- Enquanto escritor você carrega uma característica irônica, porém leve e engraçada em sua escrita, que tipos de situações te inspiram para redigir suas crônicas?

Fialho: O dia a dia, o cotidiano, uma frase engraçada dita por alguém, um livro inspirador que eu li, um filme que eu tenha visto, um acontecimento corriqueiro, mil coisas. Uma boa ideia de crônica pode estar em qualquer lugar. Porque, como dizia um professor meu, Kokinho: “Quem sabe escrever, escreve até sobre falta de assunto”. 

9- Quais são suas referências culturais e quais programas costuma frequentar aqui na cidade?

Fialho: Gosto de ler prosa, ficção, sejam contos, crônicas, romances. Também leio poesias, biografias, não-ficção, seja por curiosidade ou por dever de ofício. Leio muito os autores contemporâneos, brasileiros ou não, mas também expio meus pecados visitando os clássicos. Estou sempre em lançamentos, sejam em livrarias, no Sebo Vermelho, Academia de Letras ou locais alternativos. Vou todos os anos ao FLIQ (Feira de Livros e Quadrinhos de Natal), à FLIPIPA (Festival Literário da Pipa), ao FLIPAUT (Festival Literário Alternativo da Pipa), ao FLIN (Festival Literário de Natal) e à FLM (Feira do Livro de Mossoró). Na música, frequento a Ribeira, não perco um Circuito Ribeira nem Festival Dosol. Também prestigio bandas que eu gosto como Dusouto, Sangue Blues ou Far from Alasca no El Rock.  Também fico atento a apresentações de Khrystal, Camila Masiso, Diogo Guanabara e Dudu Galvão. Eles arrasam! Gosto daquele projeto Som da Mata, pois dá pra ir com a família. No teatro, sou fã das meninas e meninos do Clowns de Shakespeare e venho conhecendo mais gente bacana daqui, como o Bololô e o Facetas e Mutretas. 

10- Você não costuma fazer muito uso de leis de incentivo e coisas do tipo para realizar seus projetos, que dicas você compartilha com os produtores e artistas que estão na labuta diária de conseguir apoios e parceiros para terem êxito em seus planos?

Fialho: Tentem aprender a lidar com as leis, envolver-se na administração de sua arte, transformar-se em gestores do que produzem, pois é preciso encarar o fazer artístico como arte, mas também como um produto atraente que precisa ser divulgado e vendido. É com profissionalismo que se viabiliza um trabalho como artista ou agente cultural. Se não tiver talento para gerir recursos ou paciência para os complicados formulários de leis de incentivo, busquem ajuda. Há diversos produtores culturais na cidade que atuam na captação de recursos, nos trâmites burocráticos e na condução de projetos. Se não souber, procure quem sabe. Um grande abraço a todos! Sigam-me no Twitter! (twitter.com/cfialho)
----------------x------------------

E aí, gostaram do conteúdo? Aproveita e compartilha com os amigos e companheiros de labuta. Para saber mais sobre o trabalho de Carlos Fialho, acessem os links abaixo:

Fanpage Jovens Escribas> https://www.facebook.com/jovensescribas
Site Jovens Escribas> http://www.jovensescribas.com.br/

Vamos aproveita e consumir os livros da editora Jovens Escribas. Só tem coisa phyna e de qualidade. Adoro demais. Depois vou fazer até minha listinha com os preferidos, dos que já li, e publicar aqui no blog, fiquem de olho. ;)

Produção Mode On! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário