Carlos Fialho (Diretor Executivo da editora Jovens Escribas, publicitário e escritor) |
Carlos
Fialho é dessas pessoas que quando você escuta falar sobre, pensa: Viiiiji,
esse ômi se garante demais, boe". E é isso mesmo, ele se garante e garante
um monte de outras coisas super importantes para a nossa cena cultural, como
todos os livros publicados pela editora Jovens Escribas, todos publicados pelo
selo Bons Costumes, o evento anual Ação Leitura e tantas outras coisas que ele
coloca o dedo, se envolve e dá caldo, ou melhor, caldo não, dá é um consumé,
porque pense numa caba meio alternativo/meio chique arrojado. Rsrsrs...
É
dessas pessoas que sabe transitar em tantos espaços e agregar parceiros,
artistas, leitores, entusiastas de todas as idades e estilos. E é por essas e
outras qualidades que acho super importante saber o que ele tem para dizer e
contribuir compartilhando de seus conhecimentos adquiridos ao longo de 10 anos
de estrada no campo fértil da literatura e da produção cultural.
Como
de costume entrei em contato com Fialho pelo face e perguntei se ele topava me
responder umas perguntinhas básicas sobre sua atuação profissional e tals, ele
muito gentil aceitou. Segue abaixo a "conversa":
1- Quando e como surgiu a editora Jovens Escribas?
Fialho: O marco inicial da
editora, a primeira ação prática foi o lançamento do livro “Verão Veraneio” (de
minha autoria), em 05 de fevereiro de 2004. A ideia surgiu da vontade de juntar
um grupo de autores da minha geração para podermos publicar uma coleção de
livros juntos e, através desta iniciativa coletiva, chamar a atenção dos livros
uns dos outros, promovendo a multiplicação dos leitores. Inscrevemos um projeto
na Lei Municipal de Incentivo à Cultura Djalma Maranhão e publicamos 4 livros.
2- Quais foram as primeiras publicações da editora
e como aconteceu?
Fialho: O primeiro, “Verão
Veraneio” (crônicas), foi publicado com dinheiro do autor. Os 4 seguintes:
“Lítio” (Romance/Patrício Jr.), “Contos Bregas” (Contos/Thiago de Góes), “É
Tudo Mentira!” (Crônicas/Carlos Fialho) e “Escolha o Título.” (Poesia/Daniel
Minchoni) foram aprovados na Lei Djalma Maranhão e patrocinados pela agência de
publicidade Art&C.
3- Você escolhe os escritores os convidam para
publicarem seus livros através da Jovens Escribas ou eles costumam chegar até
você com a proposta e com grana para financiar o projeto?
Fialho: Há as duas
modalidades. Eu escolho autores que julgo importantes ou bons de venda, capazes
de dar retorno financeiro ou institucional à editora e publico estes com nosso
dinheiro. Porém, como somos uma empresa pequena, os recursos destinados a esse
tipo de publicação são limitados. Logo, publicamos apenas de 8 a 10 livros por
ano com nosso próprio investimento, todos os demais são fruto do financiamento
dos próprios autores, graças ao selo “Bons Costumes” criado para livros
customizados, ou seja: por encomenda.
4- Como são financiados os livros lançados pela
editora? Você faz uso de leis de incentivo ou prêmios?
Fialho: Em duas
oportunidades, fiz uso da Lei Djalma Maranhão de Incentivo à Cultura. Com a
ajuda dela, publicamos 10 livros. Porém, outros quase 50 foram publicados com
dinheiro da editora ou de autores, pagos com a venda dos mesmos a um público
leitor que formamos e cativamos nestes 10 anos de trabalho e lançamentos.
Também nos utilizamos de algumas ideias legais diferentes, por exemplo: teve um
livro de Pablo Capistrano que pagamos a gráfica com dinheiro da venda de
camisetas.
5- Como você analisa o mercado de livros nesse
contexto digital onde o produto virtual está cada vez mais popularizado e
disponibilizado de forma gratuita?
Fialho: Estamos entrando
no mercado digital. Acabamos de publicar nosso primeiro e-book, o
“MovimentAÇÃO” de Fred Alecrim. Em breve, teremos todo o nosso acervo
disponível para Kindle e similares.
6- É possível sobreviver como editor de livros na
cidade de Natal/RN?
Fialho: É difícil, mas com
muito trabalho, criatividade e técnicas de sobrevivência que fui desenvolvendo
com a experiência, tornou-se possível desde fevereiro deste ano, exatos 10 anos
depois do surgimento da Jovens Escribas. O segredo está em diversificar as
fontes de receita. Nós vendemos livros que publicamos, mas não só isso: publicamos
livros sob encomenda pelo selo “Bons Costumes” e organizamos eventos literários
a serviço de instituições que nos convidam. Na parte de vendas, além das 4
livrarias de Natal, estamos atingindo cada vez mais pontos de venda em outros
Estados e negociando nossa entrada em redes de livrarias nacionais, temos uma
loja virtual com frete grátis para todo o Brasil (www.jovensescribas.com.br),
participamos com estande de vendas de todas as feiras literárias importantes do
Estado, promovemos junto com parceiros eventos de vendas de livros como bazares
independentes e fazemos de nossos lançamentos eventos com direito a vendas
promocionais de nossos livros.
7- Você costuma viajar pelo Brasil lançado obras
literárias, participando de debates e eventos no segmento, de acordo com sua
vivência nesse universo como você analisa o público/consumidor de literatura
aqui no RN?
Fialho: Temos uma
defasagem educacional muito grande, mas temos trabalhado para formar um público
leitor, através da publicação de bons livros e da divulgação de nossos autores
por meio de participação em feiras, festivais e do nosso evento: AÇÃO LEITURA,
que leva nossos escritores para um contato direto com estudantes.
8- Enquanto escritor você carrega uma característica
irônica, porém leve e engraçada em sua escrita, que tipos de situações te
inspiram para redigir suas crônicas?
Fialho: O dia a dia, o
cotidiano, uma frase engraçada dita por alguém, um livro inspirador que eu li,
um filme que eu tenha visto, um acontecimento corriqueiro, mil coisas. Uma boa
ideia de crônica pode estar em qualquer lugar. Porque, como dizia um professor
meu, Kokinho: “Quem sabe escrever, escreve até sobre falta de assunto”.
9- Quais são suas referências culturais e quais
programas costuma frequentar aqui na cidade?
Fialho: Gosto de ler
prosa, ficção, sejam contos, crônicas, romances. Também leio poesias,
biografias, não-ficção, seja por curiosidade ou por dever de ofício. Leio muito
os autores contemporâneos, brasileiros ou não, mas também expio meus pecados
visitando os clássicos. Estou sempre em lançamentos, sejam em livrarias, no
Sebo Vermelho, Academia de Letras ou locais alternativos. Vou todos os anos ao
FLIQ (Feira de Livros e Quadrinhos de Natal), à FLIPIPA (Festival Literário da
Pipa), ao FLIPAUT (Festival Literário Alternativo da Pipa), ao FLIN (Festival
Literário de Natal) e à FLM (Feira do Livro de Mossoró). Na música, frequento a
Ribeira, não perco um Circuito Ribeira nem Festival Dosol. Também prestigio
bandas que eu gosto como Dusouto, Sangue Blues ou Far from Alasca no El Rock. Também fico atento a apresentações de
Khrystal, Camila Masiso, Diogo Guanabara e Dudu Galvão. Eles arrasam! Gosto
daquele projeto Som da Mata, pois dá pra ir com a família. No teatro, sou fã
das meninas e meninos do Clowns de Shakespeare e venho conhecendo mais gente
bacana daqui, como o Bololô e o Facetas e Mutretas.
10- Você não costuma fazer muito uso de leis de
incentivo e coisas do tipo para realizar seus projetos, que dicas você
compartilha com os produtores e artistas que estão na labuta diária de
conseguir apoios e parceiros para terem êxito em seus planos?
Fialho: Tentem aprender a
lidar com as leis, envolver-se na administração de sua arte, transformar-se em
gestores do que produzem, pois é preciso encarar o fazer artístico como arte,
mas também como um produto atraente que precisa ser divulgado e vendido. É com
profissionalismo que se viabiliza um trabalho como artista ou agente cultural.
Se não tiver talento para gerir recursos ou paciência para os complicados
formulários de leis de incentivo, busquem ajuda. Há diversos produtores
culturais na cidade que atuam na captação de recursos, nos trâmites
burocráticos e na condução de projetos. Se não souber, procure quem sabe. Um
grande abraço a todos! Sigam-me no Twitter! (twitter.com/cfialho)
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E aí, gostaram do conteúdo? Aproveita e compartilha com os amigos e companheiros de labuta. Para saber mais sobre o trabalho de Carlos Fialho, acessem os links abaixo:
Blog O Fiasco> http://blogdofialho.wordpress.com/
Fanpage Jovens Escribas> https://www.facebook.com/jovensescribas
Site Jovens Escribas> http://www.jovensescribas.com.br/
Vamos aproveita e consumir os livros da editora Jovens Escribas. Só tem coisa phyna e de qualidade. Adoro demais. Depois vou fazer até minha listinha com os preferidos, dos que já li, e publicar aqui no blog, fiquem de olho. ;)
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